sexta-feira, 30 de março de 2012

Educar para as emoções

Achei essa matéria excelente! É do site Educar para crescer.


"Meu filho vai ter nome de santo / Quero o nome mais bonito". Os versos da música-ícone "Pais e Filhos", da banda Legião Urbana, simbolizam a vontade que quase todo pai tem de fazer o melhor para o seu herdeiro. Antes mesmo de o bebê nascer, pai e mãe embarcam num planejamento detalhado, que vai do nome de batismo à escolha da escola. Não raro, a criança mal saiu do berço e já está disputando vaga num dos melhores colégios de sua cidade, fenômeno percebido principalmente entre as famílias de classe média alta.

"Os filhos hoje são verdadeiros tesouros de seus pais. Dizemos que são superinvestidos", sinaliza o médico Luiz Carlos Prado, psicoterapeuta familiar de Porto Alegre, RS. Esse superinvestimento se dá em diversos sentidos. Não apenas as crianças são muito amadas, vigiadas e protegidas, como frequentam escolas concorridas e têm acesso a bens materiais caríssimos, como videogames e computadores de última geração.

Expectativas demasiadas e excesso de proteção e de mimos, porém, conduzem muitas vezes a um quadro indesejável: a criança pode se tornar um jovem cheio de conhecimentos, entretanto pouco capaz de se relacionar em grupo e, pior, insatisfeito e infeliz. Acostumado a ter tudo à mão, ele reage mal diante das dificuldades intrínsecas à vida e à convivência em sociedade. Consequentemente, não desenvolve a segurança e o jogo de cintura necessários para a satisfação pessoal e o sucesso profissional.

A ironia é que são essas características prejudicadas pelo excesso de investimento - habilidade para conviver, empatia, flexibilidade - que o mundo profissional mais tem procurado. Em um estudo recente, a IMC Consultoria Empresarial, do Rio de Janeiro, divulgou que 75% das empresas brasileiras consideram a chamada "inteligência emocional" mais importante do que os conhecimentos práticos de seus funcionários. Não adianta, portanto, investir na hiperqualificação de seu filho sem, ao mesmo tempo, lhe garantir uma formação emocional tão sólida quanto.

Pensando nisso, o Educar para Crescer conversou com especialistas e traçou algumas orientações fundamentais para que pais não percam de vista as emoções de seus filhos. Confira!

Não transforme a vida de seu filho na sua!

Quem não gostaria de ter sido mais popular, o primeiro a ser escolhido para o time de futebol, a menina mais bonita da escola? Todos gostaríamos de ter sofrido menos e de ter sido mais admirados. Mas lembremos: cada um vive uma história única. Portanto, não adianta canalizar para o seu filho a expectativa de que ele será tudo que você gostaria de ter sido. Ou terá tudo o que você gostaria de ter tido. Além da impossibilidade universal de ser 100% feliz e amado todo o tempo, leve em conta também que seu filho é outra pessoa, provavelmente com aptidões e vontades diferentes das suas.

"Muitas vezes, os filhos parecem ser a extensão narcísica dos pais", aponta a psicóloga e psicanalista Elizabeth Brandão, de São Paulo, professora do curso de psicologia da PUC-SP. Isso quer dizer que a criança não irá complementar a sua vida, muito menos compensá-la. Ela terá uma vida dela, com suas próprias dificuldades e conquistas.

Pressionada para que seja uma versão melhorada de você, a criança irá falhar e, pior, perceberá esse fracasso como uma espécie de decepção para os pais. Por isso, desde cedo, procure dar espaço para a diferença de gostos e de objetivos em sua família. Nunca perca de vista que criar um filho é acompanhar o desenvolvimento da vida de outro ser humano e auxiliá-lo nessa trajetória, e não moldar alguém ao seu gosto.


Converse com seu filho de coração aberto!


Pare um momento para pensar: você realmente escuta o que seu filho tem a dizer e, inclusive, aprende com ele? E, mais: já mudou de ideia em relação a um assunto após ouvir um argumento dele? Se sua resposta sincera for não, talvez esteja na hora de realmente abrir o coração e compartilhar. Para o psicanalista Ignacio Gerber, de São Paulo, o diálogo sincero é uma das bases para uma boa relação entre pais e filhos."O ideal seria uma conversa sem pressupostos, na qual realmente se realize uma troca", sugere o psicanalista, enfatizando, ainda, o poder da verdade nas relações: "Como dizia Bion e outros pensadores, a verdade faz bem para a saúde; já a mentira, intoxica".

Isso quer dizer que pais, em vez de se colocarem num pedestal, como se tudo já soubessem e nada temessem, talvez possam se humanizar mais e, na troca de experiências, desenvolver um vínculo real com seus filhos. Por exemplo, por que esconder da criança que houve um contratempo em seu dia? Se for algo que possa ser compreendido por ela, vale a pena dividir. Assim ela saberá que tropeços acontecem na vida de todos, até daqueles que ela mais admira, e não apenas na dela, e se sentirá, dessa forma, mais segura.

Quando sente que é ouvida pelos pais, a criança também se valoriza mais e vai firmando a sua própria voz. Um estudo realizado na Suíça em 2007/2008 mostrou, por exemplo, que crianças ouvidas em casa tendem a tirar notas mais altas na escola.


Dê limites, um ato de amor!


Este é um jargão repetido entre especialistas. E o que significa dar limite? Entre outras coisas, definir horários na rotina da criança, repreendê-la se cometer atos agressivos e não lhe dar tudo que quer. Em síntese: saber dizer não quando julgar necessário. E por que se trata de um ato de amor? Porque só quem recebeu limites consegue ser feliz.

Se comêssemos brigadeiro todos os dias, ele teria o mesmo gosto? Provavelmente não. A partir desse raciocínio básico, avalie se tem deixado espaço para seu filho desejar coisas que não tem - não apenas coisas materiais, mas também aquilo que ele conquistará com o tempo, construindo sua identidade no mundo: mais liberdade para ir e vir e maior poder de decisão.

O sentimento de falta tem a grande vantagem de nos empurrar em direção a conquistas, como ressalta o psicoterapeuta Luiz Carlos Prado: "A falta nos movimenta. Vamos atrás daquilo que não temos. Não é à toa ouvirmos falar de pessoas que partiram do nada e alcançaram muita coisa". Na mesma linha, o psicanalista Durval Checchinato reforça: "É bom lembrar que não há desejo sem falta nem saudade. Quanto mais propiciarmos que nossos filhos encarem essa realidade estrutural, mais os ajudaremos e os prepararemos para a vida". Assim, não projete em seu filho a possibilidade de ter tudo, e nem procure dar a ele tudo que puder como forma de compensar outras faltas que você não possa controlar. Curvando-se a todas as suas vontades e temendo que ele se revolte diante do menor dos nãos, você o prejudica muito mais do que se deixá-lo chateado vez ou outra ao negar um pedido ou repreendê-lo devido a um comportamento inadequado.

"Nada mais prejudica um filho ou o infantiliza do que o superproteger, mimá-lo ou poupá-lo do real da vida", explica Checchinato. "A criança precisa desde cedo ser ensinada a enfrentar esse real e ser conscientizada de que frustrações fazem parte do viver. Apoiada e incentivada pelos pais, ela se habitua a superar obstáculos e a vencer etapas. Autoconfiança é uma virtude que ela conquistará passo a passo, pois não vem de fora".


Transmita noções de hierarquia e de respeito ao próximo!


"Respeitar os mais velhos" parece coisa de outro tempo? Pois justamente por parecer uma coisa antiga que se tornou comum ouvir a reclamação "como as crianças andam mal-educadas". Respeitar os mais velhos não significa que a criança deva obedecer cegamente a pais e professores, muito menos sentir-se ameaçada na presença de um adulto.

Mas, sim, ter consciência de como essas pessoas são importantes em sua vida e, por isso, valorizá-las. É fundamental, por exemplo, que a criança perceba que aprende com seu professor e se sinta grata por isso.

O respeito ao próximo também se aplica, é claro, a coleguinhas de sua mesma idade e de outras pessoas de sua convivência, inclusive aquelas que trabalham em sua casa, como a babá e a empregada.

Para os pais, a missão é deixar claro para a criança, de maneira natural, que ela não conseguiria viver sozinha. "Desde sempre os pais podem transmitir à criança que nada somos sem o outro. Em tudo dependemos do outro: na concepção, na gestação, no nascimento, nos cuidados com a criança, no amor, no carinho, na alimentação, na higiene...", sugere o psicanalista Durval Checchinato.

Outra dica para os pais é chamar a atenção da criança, no dia a dia, para os sentimentos alheios, ajudando-a, assim, a desenvolver a empatia e a compaixão. Um estudo recente do Instituto Nacional de Saúde Mental, nos Estados Unidos, mostrou que crianças se tornam mais empáticas quando, após agredirem ou ofenderem um coleguinha, são confrontadas com observações como "Olha só, ele está chorando porque doeu" ou "Ele ficou triste, por que você não pede desculpas?".


Gagueira: um entrave que tem solução

Muitos gagos têm problemas para se relacionar, numa tentativa de não se expor. Segundo especialistas, a gagueira, um dos distúrbios da fala, tem origem neurológica. Pode ser causada por herança genética (55% dos casos) e/ou por lesão cerebral (45% dos casos) e não deveria ser tratada de forma pejorativa ou ser motivo de gozação. Isso pode desencadear uma série de conflitos sociais e emocionais na pessoa. "Com medo de ser ridicularizado, muitos alunos gagos se recusam a ler em voz alta, deixam de fazer perguntas e começam a se isolar. Estima-se que, atualmente, existam cerca de 60 milhões de gagos em todo o mundo, sendo que 1,6 milhão deles só no Brasil. O pior é que o número expressivo de gagos pode estar relacionado a professores que não sabem lidar com o problema na sala de aula. Ser ignorado na classe pode ser devastador para aautoestima de um aluno, mesmo que o professor esteja procurando uma forma de poupar a criança do constrangimento", revela a fonoaudióloga Catarina Franco, do Rio.

O professor pode ajudar:
- Inicialmente, até que o gago se ajuste à turma, faça perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras.
- Se cada criança tiver que responder a uma pergunta, chame a que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem aumentar enquanto ela espera sua vez.
- Informe à sua classe que ela terá o tempo de que precisar para responder às questões e que você quer que todos raciocinem bem antes de responder e não apenas que se expressem rapidamente.
- Oriente os pais a procurarem a ajuda de um fonoaudiólogo.

Distúrbios que afetam a fala:

Dislexia
Distúrbio de aprendizagem relacionado ao processamento das letras, números e símbolos pela criança. Até os 3 anos, elas apontam atraso no desenvolvimento motor, como engatinhar, andar, sentar, falar. Dos 4 aos 7, apresentam lentidão na realização dos deveres na escola, como escrever e ler.

TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção)
Causa: fatores genéticos ou uso de remédios na gestação. Sintomas: desatenção, fala em demasia e instabilidade.

Autismo
Geralmente, afeta os meninos. Quem sofre do distúrbio, parece ser surdo, é insensível à dor e indiferente às pessoas.

Como a fala certa pode ajudar na escrita

Fonte: site educar para crescer: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/como-fala-certa-pode-ajudar-escrita-640209.shtml


A criança que fala errado tem maior probabilidade de escrever errado, o que interferirá no processo de alfabetização.

Os pais têm, sempre, as melhores intenções no que diz respeito ao desenvolvimento dos seus filhos, porém, às vezes erram, mesmo sem querer. A questão da fala, por exemplo, é de suma importância no desenvolvimento infantil. Será que você está dando a devida atenção ao assunto? "A fala é o primeiro instrumento de comunicação do indivíduo, que vai permear todo seu processo de aprendizagem", explica a pedagoga Sônia Regina Villar Vieira.
E o problema da fala não deve ser subestimado. "Uma fala errada, que ao mesmo tempo é irresistivelmente engraçadinha, pode mascarar a dificuldade da criança em se comunicar adequadamente", alerta a fonoaudióloga Marta de Toledo Prioli.

Qual é a relação da fala com a escrita?

Falar corretamente é condição essencial para o sucesso no aprendizado da escrita, isso porque a escrita é a relação entre um som de nossa língua (fonema) e um sinal gráfico (grafema). Por via de regra, cada fonema é representado por uma única letra; sendo assim, para representar o fonema /i/, usamos o grafema i.
Uma vez que, para escrever devemos relacionar um som com um sinal gráfico, se a produção desse som não for adequada (no caso de quem fala errado), essa relação, fundamental para a escrita, poderá ficar prejudicada.

Escrevemos como falamos?

A tendência é de que escrevamos do mesmo modo que falamos, não só como articulamos as palavras, mas também conforme a sintaxe que utilizamos.

Em outras palavras, se eu falo "guspir", muito provavelmente vá escrever "guspir" (em vez de cuspir, forma correta).

Há casos até de surgirem sílabas inexistentes, como uma pessoa que fala e escreve "pomrena", quando queria dizer problema. Ocorre também um erro comum no processo de alfabetização, da troca de determinados fonemas na escrita, como o "f" pelo "v" e o "t" pelo "d", mesmo que a criança fale corretamente.

Mas claro que, num segundo momento, a leitura se torna amiga da fala. Quando a pessoa lê uma palavra, fica mais fácil de ela falar a palavra corretamente.


Como ajudar seu filho a falar corretamente?


Uma dica simples e valiosa para os pais: ao conversar com seu filho, use vocabulário apropriado à idade, mas sempre fale corretamente. Nunca infantilize sua fala para imitar o modo de falar dos bebês, como "bincar" ao invés de brincar, "tetê" em vez de mamadeira, pois desta forma você estará incentivando a criança a persistir no erro.

Há algum problema de aprendizado que possa ser identificado por meio da fala?

As alterações de fala que mais prejudicam o aprendizado da escrita são as de origem perceptiva: a criança, mesmo escutando perfeitamente bem, não percebe auditiva/cinestesicamente as características de um determinado som e por isso não consegue produzi-lo.

Há casos em que a criança fala errado, mas escreve corretamente; isso acontece quando a criança consegue perceber adequadamente o som, mas não consegue produzi-lo devido a uma incapacidade da musculatura oral.

A leitura pode ajudar a corrigir um problemas de fala?

Sim. Segundo a orientadora Daniela Pannuti, sua experiência com o 1º ano (crianças entre 5 e 6 anos de idade) mostra que há vários níveis de dificuldade. Há casos em que a criança consegue superar eventuais dificuldades, como trocas de letras e omissões de fonemas no decorrer do trabalho de alfabetização, a partir das atividades propostas pelo professor para esta etapa.

Um exemplo disso é fazer uso de um repertório estável, que pode ser, por exemplo, a lista de nomes dos colegas de sala e as atividades de rotina, afixadas em sala de aula. Conforme se apropria desta lista e faz associações entre as sílabas da lista com outras palavras, consegue progressivamente corrigir seus erros de fala.

A alimentação também influencia na fala?

Sim! Pois a alimentação interfere no processo de fortalecimento da musculatura oral. É imprescindível que a criança consuma alimentos sólidos para fortalecer tais músculos, assim como o uso de mamadeiras e chupetas não deve ser prolongado, ainda que os bicos sejam ortodônticos.

Momento de procurar um especialista?

Se seu filho já completou 4 anos e ainda fala errado, ele deve ser avaliado por um fonoaudiólogo. E, caso ele necessite de acompanhamento fonoaudiológico, é bom tentar providenciar pois isso evitará danos futuros no processo de alfabetização.

Quem fala errado tem maior dificuldade em se fazer entender, gerando problemas de comunicação e de relacionamento. Diante disso, a criança pode reagir de forma agressiva ou introspectiva, mostrando-se insegura e com baixa auto-estima.

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